Cultura e Formação de Recursos: reflexões a partir de um caso da vitivinicultura fina brasileira
Resumo
Considerando-se a formação de recursos um processo social, deve-se considerá-lo, por conseguinte, um processo cultural. Neste artigo, proceder-se-ão algumas reflexões sobre o desenvolvimento da base de recursos de uma organização como dinâmica eminentemente cultural. Assume-se que um entendimento mais completo dos preceitos da Resource-based View (RBV) passa pela análise cultural dos casos a que se volta. Toma-se, para tanto, por empréstimo o caso da Villa Francioni Vinhos e Vinhedos, uma vinícola atuante no setor de vitivinicultura fina brasileira. Serve-se do caso mais como ambiência de reflexão do que propriamente como objeto de análise. As reflexões apontam que olhar a formação da base de recursos como processo cultural contribui para a elucidação do fenômeno sob dois aspectos teóricos principais: primeiro, imprime-se à RBV um entender processual, do que são carecedores os estudos existentes; segundo, alarga a visão de cultura que geralmente se pratica na RBV para se considerá-la não apenas fonte de vantagem competitiva, mas também, e talvez especialmente, contexto de formação de um dos elementos-chave da teoria da estratégia: recursos estratégicos.
Palavras-chave
Texto completo:
PDFReferências
ALBERT, A. Z.; O admirável novo mundo do vinho e as regiões emergentes. 3 ed., São Paulo: Senac, 2006.
BARNEY, J. B., Strategic Factor Markets. Management Science, v. 32, n. 10, p. 1231-1241, 1986a.
BARNEY, J. B.,. Organizational culture: Can it be a source of sustained competitive advantage? Academy of Management Review. v. 11, n. 3, p. 656-665, 1986b.
BARNEY, J. B.,. Firm Resources and Sustained Competitive Advantage. Journal of Management, v.17, n. 1, p. 99-120, 1991.
BRUSH, C. G.; GREENE, P. G.; HART, M. M.. Empreendedorismo e construção da base de recursos. Revista de Administração de Empresas, v. 42, n. 1, p. 20-35, jan.-mar., 2002.
BORGES, E. P.. Serra Gaúcha. Os que romperam com o passado. Adega, ano 3, n. 34, p. 50-51, 2008.
COLLIS, D. J.; MONTGOMERY, C. A.. Competing on resources: strategy in the 1990’s. Harvard Business Review, Boston, v. 73, n. 4, p. 118-128, jul., 1995
COULANGES, F.. A cidade antiga. São Paulo: Martin Claret, 2002.
.COTRIM, G.. Fundamentos da filosofia. História e Grandes Temas. 15 ed. São Paulo: Saraiva, 2000.
CRESWELL, J. W.. Five qualitative traditions of inquiry. In: CRESWELL, J. W.. Qualitative Inquiry and Research Design: choosing among five traditions. Thousand Oaks, CA: Sage, 1998, p. 47-72.
DEMURGER, A.. Os cavaleiros de Cristo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002.
DICIONÁRIO DE SOCIOLOGIA. Porto Alegre: Globo, 1970.
DIERICKX, I.; COOL, K.. Asset stock accumulation and sustainability of competitive advantage. Management Science, Providence, v. 35, n. 12, p. 1504-1511, 1989.
EISENHARDT, K. M.. Building theories from case study research. Academy of Management Review, v. 14, n. 4, p. 522-550, 1989.
FREYRE, G.. Casa Grande e Senzala. 47 ed. São Paulo: Global, 2003.
GARTNER, W. B.. “Who is Entrepreneur?” Is the Wrong Question. American Journal of Small Business, v. 12, n. 4, p. 11-32, 1988.
HOLANDA, S. B.. Raízes do Brasil. 26 ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
INGENIEROS, J.. O Homem Medíocre. São Paulo: Quartier Latim, 2004.
MAHONEY, J. T.; PANDIAN, R.. The resource-based view within the conversation of strategic management. Strategic Management Journal, Baffins Lane, v. 13, p. 363-380, 1992.
MEAD, M.. Sexo e temperamento. São Paulo: Perspectiva, 1988.
MINTZBERG, H.; AHLSTRAND, B.; LAMPEL, J.. Safári de Estratégia: um roteiro pela selva do planejamento estratégico. Porto Alegre: Bookman, 2000.
MORGAN, G.. Paradigms, metaphors, and puzzle solving in organization theory. Administrative Science Quarterly, v. 25, n. 4, p. 605-622, 1980.
MORGAN, G.. Imagens da Organização. São Paulo: Atlas, 1996.
NELSON, R. E.. Cultura empresarial e atendimento superior. Gerenciando a prestação de serviços no século XXI. Sorocaba: Cidade, 2006.
NELSON, R. E.; GOPALAN, S.. Do Organizational Cultures Replicate National Cultures? Isomorphism, Rejection and Reciprocal Opposition in the Corporate Values of Three Countries. Organization Studies, v. 24, n. 7, p. 1115-1151, 2003.
OIV. Office International de la Vigne et du Vin. Disponível em: Acessado em: 18 de outubro de 2010.
ORTEGA Y GASSET, J.. Meditações do Quixote. Rio de Janeiro: Ibero, 1967.
PENG, M. W.. The Resource-based view and international business. Journal of Management, v. 27, n. 6, p. 803-829, 2001.
REED, R.; DEFILLIPPI, R.. Causal ambiguity, barriers to imitation, and sustainable competitive advantage. Academy of Management Review, v.15, n.1, p.88-102, 1990.
STAKE, R.. The art of case study research. Thousand Oaks, CA: Sage, 1995.
TESCH, R. Qualitative research: analysis types and software tools. London: The Falmer Press, 1990.
WERNERFELT, B.. A resource-based view of the firm. Strategic Management Journal, Baffins Lane, v. 5, p. 171-180, 1984.
WRIGHT, P. M.; DUNFORD, B. B.; SNELL, S. A.. Human resources and the resource based view of the firm. Journal of Management, v. 27, n. 6, p. 701-721, 2001.
YIN, R. Estudo de caso: planejamento de métodos. 4 ed., Porto Alegre: Bookman, 2010.