Cultura e Formação de Recursos: reflexões a partir de um caso da vitivinicultura fina brasileira

Ricardo Lebbos Favoreto, Saulo Fabiano Amâncio-Vieira, Thiago Spiri Ferreira

Resumo


Considerando-se a formação de recursos um processo social, deve-se considerá-lo, por conseguinte, um processo cultural. Neste artigo, proceder-se-ão algumas reflexões sobre o desenvolvimento da base de recursos de uma organização como dinâmica eminentemente cultural. Assume-se que um entendimento mais completo dos preceitos da Resource-based View (RBV) passa pela análise cultural dos casos a que se volta. Toma-se, para tanto, por empréstimo o caso da Villa Francioni Vinhos e Vinhedos, uma vinícola atuante no setor de vitivinicultura fina brasileira. Serve-se do caso mais como ambiência de reflexão do que propriamente como objeto de análise. As reflexões apontam que olhar a formação da base de recursos como processo cultural contribui para a elucidação do fenômeno sob dois aspectos teóricos principais: primeiro, imprime-se à RBV um entender processual, do que são carecedores os estudos existentes; segundo, alarga a visão de cultura que geralmente se pratica na RBV para se considerá-la não apenas fonte de vantagem competitiva, mas também, e talvez especialmente, contexto de formação de um dos elementos-chave da teoria da estratégia: recursos estratégicos.



Palavras-chave


Estratégia, RBV, Cultura, Desenvolvimento de recursos

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