Parcerias Trisetoriais: caminhos e descaminhos de três experiências brasileiras
Resumo
O artigo discute os desdobramentos da construção de Parcerias Trissetoriais na esfera pública, de forma a avançar na compreensão de suas perspectivas para a modernização da gestão de políticas sociais. São consideradas Parcerias Trissetoriais aquelas que envolvem atores governamentais, da sociedade civil e do mercado. Analisam-se três experiências de intervenção em projetos sociais nas agendas de educação, meio ambiente, pobreza e infância e adolescência. A discussão teórica levanta as principais correntes e tradições teóricas que analisam a ação do Estado, das organizações da sociedade civil e das empresas em direção à esfera pública, bem como delimita as principais abordagens ou “plataformas” teóricas sobre as Parcerias Trissetoriais presentes na literatura: Dependência de Recursos, Questões Sociais, e Setor Societal. A investigação inscreve-se no âmbito do Estudo de Caso Extendido e recorre à pesquisa qualitativa para coleta, tratamento e análise dos dados. Os resultados indicam que práticas tradicionais de construção de projetos de parcerias perduram dentro dos processos de interação das Parcerias Trissetoriais e que modelos gerencialistas de intervenção na dinâmica desse fenômeno são pouco consistentes em termos de capacidade explicativa da realidade. As interações entre atores da sociedade civil, do Estado e de mercado são marcadas pela complexidade e pela construção de uma práxis não linear, perpassada pela ocorrência de processos de conflito e cooperação, engajamento e distanciamento e resistência e adesão. Melhorias na provisão de políticas sociais advindas das Parcerias Trissetoriais nem sempre se fazem acompanhadas de avanços na construção de uma esfera pública mais democrática.
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