“NEVER SAY DIE!”: O CONSUMO DE DISCOS DE VINIL E SUAS IMBRICAÇÕES

Pedro Zambelli Loyola Mourão, Ramon Silva Leite

Resumo


O disco de vinil viveu no início dos anos 2010 um fenômeno inesperado: o aumento nas vendas. Frente a esse cenário, o trabalho pretendeu lançar luz sobre o consumo deste produto, buscando compreender o papel da nostalgia nesse consumo, analisar os comportamentos ritualísticos e descrever como o retromarketing se relaciona com as decisões de compra destes produtos. A revisão de literatura abordou o surgimento e evolução do mercado de vinil, nostalgia e retromarketing. Os dados foram coletados por meio de entrevistas semiestruturadas com 19 colecionadores e 11 proprietários e vendedores de lojas especializadas. Os dados, tratados por meio da análise de conteúdo, demonstraram que: 1) O sentimento nostálgico apresenta nuances, desde a nostalgia admitida, nostalgia de um passado não vivido, negação da nostalgia e identificação com uma certa nostalgia racional. 2) O retromarketing se destacou por meio da valorização da autenticidade do vinil, colocando-o como uma obra de arte palpável e durável. Considera-se que o consumo de discos de vinil deve ser analisado por um olhar holístico que permeie as diferentes abordagens e complexidades que o tema demanda. Observou-se que o vinil tem a capacidade de atender a demandas distintas, seja pela nostalgia ou pela busca de autenticidade no consumo. Ao mesmo tempo é capaz de propiciar para seus públicos relações de consumo diferentes, imbricados de significados, características de um artefato atemporal e ícone de consumo de música, que à medida que envelhece ganha novas interpretações e ressignificados.

Palavras-chave


Retromarketing; Discos de Vinil; Nostalgia; Consumo Vintage

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