A CONSTITUIÇÃO DE ECOSSISTEMAS DE EMPRESAS SOCIAIS

Fernanda Lutz, Maira Petrini, Ana Clara Alves de Souza

Resumo


As empresas sociais atendem necessidades da sociedade e de populações em vulnerabilidade. Para alcançar seus objetivos sociais e financeiros, suas redes de relacionamentos desempenham um papel fundamental. A imersão em redes é um dos principais mecanismos que empreendedores sociais utilizam para compreender as regras locais, acessar recursos e criar valor social. Em vista disso, salienta-se a importância de estudar os agentes conforme os contextos nos quais estão imersos, não isoladamente, para que se possa entender como ocorre a criação e gerenciamento de vínculos, interações em grupos e a constituição de redes de relações. Com base no conceito da imersão introduzido por Granovetter (1977, 1985), no qual as ações dos agentes estão imersas em sistemas concretos e contínuos de relações sociais, propomos uma análise das relações entre indivíduos e empresas sociais para melhor compreender o campo. Ao analisar o nível de inserção dos agentes nas suas relações sociais, pode-se entender seus comportamentos e como suas transações são afetadas por suas redes de relacionamentos pessoais. Este artigo estabelece foco nos diversos atores engajados em empresas sociais de diferentes países e que exercem uma gama de papéis nestas organizações, busca-se entender quem são estes indivíduos. As empresas sociais têm uma enorme capacidade de geração de impacto social, porém, é crucial entender as interações e seus contextos próprios para, assim, alcançar um crescimento sustentável. Ao apresentar depoimentos de diferentes indivíduos, identifica-se o impacto que suas redes de relacionamentos têm em suas perspectivas dentro do campo.


Palavras-chave


Empresas sociais; Empreendedores sociais; Teoria de redes

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