INTENÇÃO EMPREENDEDORA ENTRE UNIVERSITÁRIOS BRASILEIROS E PORTUGUESES
Resumo
Esta pesquisa tem como objetivo verificar a influência do perfil dos universitários brasileiros e portugueses na intenção empreendedora. Trata-se de um estudo quantitativo e descritivo, com dados coletados junto a 397 estudantes universitários – 285 indivíduos de uma Universidade brasileira e 112 de uma Universidade portuguesa, ambas com cursos relacionados à gestão e disciplinas direcionadas ao empreendedorismo. Adotou-se um conjunto de itens, abordando as características sociodemográficas e a experiência profissional dos pais, com bases metodológicas em Carvalho e González (2006) e Thompson (2009). As técnicas estatísticas utilizadas segmentam-se em estatística descritiva e regressão logística. Os resultados permitiram apontar, primeiramente, para a amostra brasileira: influência positiva da experiência profissional (proprietário de uma empresa), alinhando-se à Teoria do Comportamento Planejado, de Ajzen (1991), que mostra que quanto maior a intenção, mais provável é o comportamento empreendedor; e ainda influência negativa do sexo feminino e da experiência dos pais (pais que não são empreendedora), verificando-se, assim, influência positiva do contexto familiar na intenção empreendedora. Além disso, para a amostra portuguesa, constatou-se influência negativa relacionada ao ano em que o estudante entrou na universidade, ou seja, quanto mais recente o ano em que este entrou na universidade, menos é a sua intenção empreendedora. Diante do impacto desta pesquisa, cabe destacar no incentivo do estabelecimento de políticas e práticas às Instituições de Ensino Superior (IES), a fim de impulsionar e motivar o empreendedorismo, condicionando o desenvolvimento de universidades mais empreendedoras. Os resultados contribuem para ampliar o conhecimento sobre intenção empreendedora, essencial para se compreender o empreendedorismo entre países distintos.
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